Era um vício e talvez você não
entendesse nada olhando para ela. Uma moça bonita, uma moça tão
paparicada, uma moça tão menina. Ela tinha homens lhe oferecendo carinho
em bandejas de ouro. Mas talvez você entendesse a moça se mergulhasse
fundo nas estranhezas do espírito e lembrasse de um dia em que se
excitou com algo doloroso: um amor proibido qualquer, uma falta de
telefonema qualquer, um fechar de rosto e um olhar sombrio no lugar de
semblantes rosados de amor. Quando o amor é falso, a mágoa é tão grande
que você o trai amando justamente a falta dele. Ou nem precisa tanto,
talvez você entendesse a moça se algo tão preenchedor rasgasse seus
orgulhos, suas certezas, suas dignidades.
Tati Bernardi
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