18 de jul. de 2011
Ainda lembro da primeira vez que te vi. Ainda lembro do primeiro toque, da primeira palavra, do primeiro gesto de amor, do primeiro beijo. O primeiro riso, a primeira pontada no coração de sau-da-de, a primeira dor, a primeira lágrima a escorrer no meu rosto. Lembro de tudo, até das coisas mais bestas. Tudo é tão bonito, ou pelo menos foi. E eu te amo tanto.
"(...)Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira,
a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero
chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só
umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não
mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem
bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho
nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo
banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan,depois
deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz
integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa,
depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina
ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca
qualquer choramingando coisas do tipo
preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá,
até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida
drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir
sem fé nenhuma?”
E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação
bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com
requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se
sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência
cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o
outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria
que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen
de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.
:(
:(
Chorei três horas, depois dormi dois
dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais
nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor
nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo
vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si
mesmo, completo, total.
"Olha, eu estou te escrevendo só pra
dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta
coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o
começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade,
mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que
coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é
exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta
as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não
queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e
muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"
CFA
CFA
A vida tem caminhos estranhos, tortuosos,
às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo
um processo. Sim, existir é incompreensível e excitante. As vezes que
tentei morrer foi por não poder suportar a maravilha de estar vivo e de
ter escolhido ser eu mesmo e fazer aquilo que eu gosto - mesmo que
muitos não compreendam ou não aceitem.
"Ah. Menina, o que foi que foi que
aconteceu com você? O que foi que fizeram com você? Eu não sei, eu não
entendo. Roubaram a minha alegria, Tiamelinha quando foi pra clínica só
dizia isso: roubaram a minha alegria, é tudo uma farsa, aquele olho
desmaiado, é tudo uma farsa, roubaram a minha alegria. A primavera, o
vento, esperei tanto por essa margarida, e veja só. Atrofiada. Aleijada.
As pedras frias do chão da cozinha , rolar nua neste chão, qualquer dia
faço uma loucura, faz nada, você está nessa marcação faz mais de dez
anos. Mais de dez anos. A gente se entrega nas menores coisas. "
CFA
CFA
"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto
que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis
precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim
como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que
tinha, era seu. "
CFA
CFA
"Apenas já não somos mais crianças e
desaprendemos a cantar. As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar
em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o
sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem
voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e
alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltaraão. Seria bonito, e
as coisas bonitas já não acontecem mais."
CFA
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